quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Um dia chegaremos lá...

por Jakson Miranda
Rodin - O Pensador (foto alterada) 
Fonte: http://www.google.com.br/images
Quando somos confrontados com a realidade nua e crua dos dias atuais, com violência e criminalidade alarmantes em decorrência do tráfico e consumo de drogas, além da recorrente e histórica desigualdade social, nos flagramos de que temos um longo caminho a percorrer... 
Afora religiões, crenças, misticismos e ideologias de toda ordem, quem não idealizou um dia mudar radicalmente o mundo (na infância, ingenuamente crédulos de que um dia seríamos figuras determinantes para a paz mundial)? 
Quem obviamente não imaginou algum dia o mundo ao seu redor um lugar muito melhor para se viver, mais justo, onde todos tivessem acesso à educação, à alimentação básica, ao trabalho, e até mesmo, por que não, o direito a uma esporádica happy hour com a família, filhos, uma viagem, um jantarzinho, etc?...
Bom, o fato é que ao trabalhar há 14 anos na segurança pública em situações diversas de combate à criminalidade, e ultimamente em ações esporádicas de prevenção ao consumo de drogas, constatei que o nosso chão é muito longo e árduo pela frente...
Após frequentar e conhecer a realidade de alguns orfanatos e centros de recuperação de drogados, depois de muito observar a literal e completa falta de chão de crianças carentes e abandonadas, órfãos de comida, saúde, educação e dignidade, bom, tudo o que não desejamos pros nossos filhos, constatei que realmente nossos desafios, enquanto membros da sociedade e do Estado, são absurdamente enormes.
Como espera a sociedade livrar-se da chaga do tráfico e consumo de drogas, da criminalidade, violência e mortes decorrentes, quando vira as costas para seus pequenos irmãos de jornada, que, abandonados à própria sorte, viram-se como podem, sendo que o caminho mais curto e fácil que encontram geralmente é a criminalidade?
Consequentemente, no berço da criminalidade surgem algumas das piores figuras possíveis (além dos corruptos), que estupram, traficam, roubam e matam sem piedade, e que devem ser combatidas veementemente e retiradas de circulação pelo braço da lei e da justiça, pois os inocentes não devem jamais pagar pela omissão de outrora do Estado ou da própria sociedade, muito menos pela simples maldade humana. 
Mas até mesmo essas criaturas errantes seriam banidas preventivamente do nosso convívio se os seus pares, aqueles que os trouxeram à vida, tivessem, por sua vez, na origem, outras oportunidades de nascer dignamente, crescer, estudar, ter uma família na acepção da palavra e postergar um legado de crescimento e evolução, não de regressão e sofrimentos para si e para outrem.
Enfim, na prática, as coisas funcionam exatamente como naquela propaganda anti-drogas veiculada até pouco tempo atrás, em que um jovem bem-nascido vai ao encontro de um traficante, compra uma droga e esse dinheiro passa de mão em mão no submundo da criminalidade, financia a arma de um assaltante, sendo que este em seguida vem a assassinar a mãe daquele mesmo jovem bem-nascido...
É a lei universal do retorno, tudo tem uma lógica incrivelmente infalível e por vezes, irônica. Colhemos o que plantamos, e historicamente nossa sociedade plantou sementes terríveis, que precisam ser recicladas por sementes de educação, saneamento básico, projetos educativos, esporte, dignidade. 
Bom, nesse contexto, ao menos algumas etapas estruturais já foram implementadas, como a erradicação da hiperinflação, o crescimento econômico e de empregos, as relativas melhorias na distribuição de renda, o acesso ainda tímido à educação universal de qualidade, além de outras conquistas do país nos últimos 15 anos, após décadas de estagnação. No entanto, nossa sociedade pode e deve fazer muito mais. 
Estamos em um patamar ainda muito além do que obrigatoriamente temos que fazer, pois imaginem o árduo trabalho que será ofertar educação superior e de qualidade em um nível realmente coletivo (nosso maior gargalo), saneamento, moradias dignas e, por consequência, erradicar o tráfico de drogas e a criminalidade dos níveis alarmantes atuais, além do combate incessante aos sanguessugas da corrupção. 
Aos desprovidos de dignidade, há que se ter chão, há que se ter nobreza de espírito, e, além de nobres intenções, muitas e incansáveis ações. Mas estamos apenas começando, pois as sementes estão, paulatinamente, sendo plantadas...
That´s all folks!!! 
Até a próxima!

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